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O Solfejo do Objeto Sonoro – 7

SCHAEFFER, Pierre & Guy Reibel. Solfège de l’Objet Sonore. Paris: Editions du Seuil, 1966. (tradução portuguesa de António de Sousa Dias, 2007).

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CD 1 78     som de violino

introduzamos quatro sons breves. Estes serão entendidos como incidentes ou ruídos sem valor musical:

 


CD 1 79     exemplo 78 com 4 incidentes

Aumentemos a sua intensidade: o som de violino será ainda mais perturbado sem que se possa no entanto qualificar melhor os incidentes:

 


CD 1 80     exemplo 3.5.2 com os incidentes mais fortes

No entanto, ao isolar estes incidentes, e apesar da sua brevidade, 1/100 de segundo [10 ms], conseguimos discriminar as suas alturas:

 


CD 1 81     os 4 incidentes isolados

mesmo que o seu timbre não seja reconhecível:

 


CD 1 82     sons de onde precedentes foram extraídos os incidentes

A incidência estrutural sobre os objectos [ou seja, incidência da estrutura nos sons] será mais clara se integrar-mos os sons breves num objecto menos simples [isto é, de estrutura mais complexa] que o som de violino precedente. Eis uma sequência complexa:

 


CD 1 83     sequência de objectos acumulados, extraída de L'Object captif de François BAYLE

E agora, a mesma sequência, no interior da qual são introduzidos três sons breves:

 


CD 1 84     mesma sequência com 3 incidentes

Estes foram completamente destruídos ou absorvidos. No entanto ei-los aqui tal como não acabámos de os ouvir:

 


CD 1 85     incidentes do exemplo 84 isolados

Antes de terminar com os sons breves, mostremos ainda que estes não podem constituir os dados elementares de uma síntese, referidos por uns como “quanta perceptivos”, elementos diferenciais por outros. Escutemos o seguinte:

 


CD 1 86     fragmentos sonoros de 50 ms colados (provenientes de oboé e trompete)

Eram dois fragmentos colados de 50 ms cada um; ei-los agora separados:

 


CD 1 87     fragmentos de 86 separados

Mesma dificuldade para estes dois outros fragmentos, também montados por colagem:

 


CD 1 88     dois outros fragmentos (provenientes de violino e oboé) colados

que aqui se encontram separados:

 


CD 1 89     fragmentos de 88 separados

Tratavam-se de timbres diferentes e da mesma altura. Variando as alturas podemos diminuir, obviamente, o limiar de fusão dos objectos. Contudo, abaixo dos 6 ms, fragmentos de alturas diferentes fundem-se:

 


CD 1 90     dois fragmentos colados, inferiores a 6 ms (oboé e violino)

a partir de 10, 25 ms, formam já uma estrutura melódica:

 


CD 1 91     como o exemplo 90, com fragmentos em primeiro lugar de duração igual a 10 ms e depois 25 ms

Mas é necessário renunciar, claro, num espaço de tempo tão curto, a esperar uma informação acerca da cor ou do timbre para identificar seja como for os objectos originais:

 


CD 1 92     sons de onde eram extraídos os fragmentos precedentes (oboé e violino)

Conclusão: então será pouco avisado procurar justificar partituras recorrendo aos limiares quantitativos, aos objectos elementares. O ouvido integrará estes pontilhismos, tornando irrisório este falso rigor. Também para os sons se aplica a lei da selva: os pequenos são comidos pelos grandes.

 

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