O Solfejo do Objeto Sonoro – 6
SCHAEFFER, Pierre & Guy Reibel. Solfège de l’Objet Sonore. Paris: Editions du Seuil, 1966. (tradução portuguesa de António de Sousa Dias, 2007).
CD 1 66 frase cujas sílabas duram em média 40 ms
CD 1 67 mesma frase de 3.2.5 com sílabas de duração média de 80 ms ("um investigador nunca deve prejulgar futuras descobertas")
Deveremos fazer uma distinção entre [1] o poder de separação do ouvido — poder de separar os objectos — e [2] a constante de tempo deste órgão, quer dizer, o mais pequeno período de tempo abaixo do qual não se ouve mais que um ruído branco, devido ao alargamento do espectro no aparelho auditivo e indiferente à natureza dos estímulos: Este limiar é bastante mais fino, dez vezes mais breve, que o poder separador. Passa-se de 50 ms [1/20 de segundo] para 5 ms [1/200 de segundo]. Quaisquer que sejam as durações da aparição de energia entre 0 e 5 ms, o ouvido perceberá o mesmo ruído parasita, devido ao próprio aparelho auditivo. É este pseudo-ataque, que explica, como veremos mais adiante, a incidência dos cortes a direito [/em ângulo recto] na banda magnética. Com efeito, pouco importa aquilo que se gravou: a irrupção do som, durante os primeiros 5 ms, provoca no ouvido uma pequena explosão:
CD 1 68 “clique” de 5 ms
CD 1 69 diferentes ataques obtidos por meio de tesouras sobre um som puro: [1] ataque nítido por corte da banda a direito, depois ataques cada vez mais suaves por meio de cortes oblíquos sobre os primeiros [2] 10 ms, [3] 20 ms e [4] 60 ms
Mesmo que um objecto seja muito breve para que possa ser distinguido de outro, algumas das suas qualidades podem ser apreciadas pelo ouvido. A qualidade que resiste melhor à atomização dos sons é evidentemente, a altura. Aquela que resiste menos é o timbre. Escutando [4 séries] de 6 fragmentos de 3, 5, 10, 25, 50 e 250 ms, seguidos do original, para diversos instrumentos poderemos observar em que momento se reconhece a altura, depois a cor e finalmente o instrumento:
CD 1 70 4 séries de exemplos: trompete [1] sol4, [2] ré3; clarinete [3] ré2 e [4] sib4
CD 1 71 fragmentos de 50 ms retirados do corpo [/porção central] de três sons (trompete, oboé e violino)
CD 1 72 idem, 100 ms [trompete, oboé e violino]
CD 1 73 fragmentos de 50 ms retirados do início dos mesmos sons [trompete, oboé e violino]
CD 1 74 idem, 100 ms [trompete, oboé e violino]
CD 1 75 sons originais [trompete, oboé e violino]
CD 1 76 melodia “subliminar”: cada som dura menos de 5 ms
CD 1 77 mesma melodia, cada nota com a duração de 10 ms
As experiências anteriores não serão válidas se os sons breves não forem isolados e envolvidos em silêncio. Os mesmos sons breves quando integrados numa estrutura, serão em geral absorvidos ou desqualificados por essa mesma estrutura. A demonstração seguinte pode ser generalizada a todo o musical; não é possível prever qual será a percepção de um conjunto de objectos apenas porque se conhece a percepção de cada componente individual. Num som muito tradicional de violino: