O Solfejo do Objeto Sonoro – 20
SCHAEFFER, Pierre & Guy Reibel. Solfège de l’Objet Sonore. Paris: Editions du Seuil, 1966. (tradução portuguesa de António de Sousa Dias, 2007).
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CD 3 57 tutti instrumental do tipo acumulação
Restam por definir dois tipos particulares, provindos da mesma oposição entre redundância e originalidade. São as “pedais” [P] e as “grandes notas” [W]. Generaliza-se facilmente a noção de pedal, já utilizada em música, fazendo notar que aqui existe redundância pela repetição de uma célula [K] original:
CD 3 58 três pedais
Mas, de outra forma, encontramos um objecto intermédio entre a nota equilibrada e a trama. Este objecto, muito volumoso para ser uma nota, mas demasiadamente evolutivo para ser uma trama, possui a sua lógica interna. É uma grande nota:
CD 3 59 quatro grandes notas (W): instrumentais e concretas
Oitava ideia: Relatividade das classificações tipológicas
Esperamos que tenha ficado claro quão grosseira permanece a classificação tipológica; o seu propósito é construir uma ordenação prévia ao musical e à morfologia do sonoro. Um último mal entendido seria o de exigir da tipologia tabelas de casas unívocas, nas quais todo o som seria classificado de uma vez para sempre. Chamamos a atenção para o facto de que um objecto sonoro pode saltar de uma casa para a outra [1] segundo a atenção que lhe concedemos e [2] o nível de complexidade que lhe confere o contexto. Esta advertência poderá evitar numerosas discussões inúteis assim como percas de tempo.
Esperamos que tenha ficado claro quão grosseira permanece a classificação tipológica; o seu propósito é construir uma ordenação prévia ao musical e à morfologia do sonoro. Um último mal entendido seria o de exigir da tipologia tabelas de casas unívocas, nas quais todo o som seria classificado de uma vez para sempre. Chamamos a atenção para o facto de que um objecto sonoro pode saltar de uma casa para a outra [1] segundo a atenção que lhe concedemos e [2] o nível de complexidade que lhe confere o contexto. Esta advertência poderá evitar numerosas discussões inúteis assim como percas de tempo.
CD 3 60 pedal
Não há nada de obrigatório para que um tal som seja considerado, tipologicamente, no seu conjunto ou nos seus detalhes. Trata-se, entre vários ouvintes, de uma decisão não arbitrária, mas sim de uma convenção perfeitamente deliberada, a de considerar este objecto a tal ou tal nível de análise. Tomado no seu conjunto é uma pedal. Mas pode ser também decomposto em células, caracterizadas cada uma por um timbre instrumental:
CD 3 61 3 células
estas células, por sua vez, decompõe-se em sons iterativos:
CD 3 62 2 sons iterativos
e finalmente, podemos considerar cada uma das iterações:
CD 3 63 2 impulsos
Veja o Tableau Récapitulatif de la Typologie (TARTYP), com mais exemplos sonoros.
CD 3 64 Nono tema de reflexão
Nono tema de reflexão: A “mise en oeuvre” [Passando à prática].
CD 3 65 extracto orquestral de Planètes, Ivo MALEC
A tipologia ainda não é a música. É apenas um pesado fardo que veicula os seus materiais. À oficina do compositor chegam assim enormes massas:
CD 3 66 excerto de Violostries, Bernard PARMEGIANI
bandas granulosas, espinhosas:
CD 3 67 idem
Estes dois objectos são provenientes, em ambos os casos, da mesma fábrica, um violino:
CD 3 68 idem
Curiosidade vã. Mais vale um objecto na banda magnética que dois na fonte emissora...