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O Solfejo do Objeto Sonoro – 21

SCHAEFFER, Pierre & Guy Reibel. Solfège de l’Objet Sonore. Paris: Editions du Seuil, 1966. (tradução portuguesa de António de Sousa Dias, 2007).

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CD 3 69     excerto de L'Instant Mobile, Bernard PARMEGIANI

objecto esse que por sua vez engendrará muitos outros:

 


CD 3 70     idem

Temos que acrescentar que o compositor não verá senão chegar à sua oficina senão apenas o banal e o vulgar, a não ser que fabrique ele mesmo os seus materiais, com toda a originalidade? Para domesticar assim os sons electrónicos, é necessário ser-se, como Bernard PARMEGIANI, não apenas músico mas também engenheiro de som.

 


CD 3 71     idem

Inversamente, pode acontecer que um amante da orquestra, como Ivo MALEC, confesse que a articulação rítmica da sua partitura se inspirou na mistura electroacústica:

 


CD 3 72     fragmento orquestral de Sigma, Ivo MALEC

Após um tempo de laboratório, os músicos experimentais regressaram voluntariamente à orquestra com novas ideias: sobre a mais despojada tónica, por exemplo, eis todo um jogo de manutenções:

 


CD 3 73     idem: jogo de manutenções (Echos)

uma tónica não surge agora nem mais nem menos subtil que uma nota complexa, muito ligeira:

 


CD 3 74     idem, nota complexa (Sigma)

mais legível que uma nota mais compacta:

 


CD 3 75     idem, outra nota complexa (Sigma)

e, num desenho mais elaborado, veremos equilibrarem-se a grinalda melódica e a dinâmica das manutenções e dos apoios:

 


CD 3 76     idem, melodia e jogo de manutenções (Planètes)

Como é que se sobrepõe o jogo tradicional dos graus e o novo jogo das formas? Tomemos um exemplo muito elementar: um sforzando de trompa é prolongado pela ressonância de um flatterzung de flauta, ele mesmo revezado por um flatterzung de trompete que continua imperturbável:

 


CD 3 77     idem, trompa-flauta-trompete (Echos)

Pode ser que uma escuta tradicional, ocupada exclusivamente com a percepção dos graus, deva ser apurada. Será necessário treinarmo-nos para perceber objectos pela sua forma de conjunto, [pelo menos] nos casos mais simples:

 


CD 3 78     idem, objecto variado (Y) (Planètes)

Neste vaivém do estúdio electrónico à orquestra, há qualquer coisa de seguro. Os números de um e as convenções do outro são duas preciosas muletas para a nossa marcha incerta. Mas eis algo que nos incomoda:

 


CD 3 79     fragmento de Variations pour une porte et un soupir, Pierre HENRY

Ora essa! É uma porta! E para Pierre HENRY não se trata de a fazer percorrer escalas, mas de lhe extrair ritmos, grãos ou perfis a partir dos quais ele irá realizar qualquer coisa como vinte e cinco variações. Experiência marginal, talvez, mas que mede duas espécies de tensões: [1] uma que nos retém pelas aderências de um primeiro código, o dos ruídos, e [2] outra que nos atrai para uma linguagem ignorada, na qual não sabemos quão longe podemos ir. François BAYLE, propõe-nos agora uma experiência menos austera, mas no entanto também tendenciosa:

 

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